5 August 2010

Juiz decide "overturn Proposition 8"

Com Milk muitos despertaram para uma realidade que desconheciam ou escolhiam ignorar. 
Hoje em dia é um tema muito em voga a Proposition 8 foi largamente debatida, ouvindo-se dos vários cantos do mundo os que ferozmente a defendiam e os que com igual força a contestavam. 
2010 Agosto - Juiz toma uma posição quanto à Proposition 8 vide BBC - "US judge overturns California same-sex marriage ban"
Inúmeros conceitos são chamados à discussão, sendo os principais a igualdade e o casamento. A orientação sexual e o género (masculino/feminino) acabam por ser factores determinantes onde não deviam ser considerados nessa exacta condição. Ser homem ou mulher não deveria determinar o 'direito a', nem o devia a respectiva orientação sexual. «Casamento», aos olhos da lei civil, será sempre um contrato celebrado entre duas pessoas. Não deve este conceito ser confundido com o matrimónio, que pressupõe a "contratação" religiosa. O Estado laico tem na sua base a separação entre o Estado e a Igreja, essa separação - que deve ser absoluta - não pode conhecer excepção. Se assim fosse sempre deveríamos ponderar a proibição do divórcio, pecado à luz da Igreja. Abstendo-me de tecer considerações sobre muitos daqueles que -, sentido-se profundamente ofendidos no seu âmago, na sua dignidade (e por aí fora), - se pronunciam pela manutenção da proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, não distinguindo, tão pouco, a união civil da católica, pergunto: qual a relevância? Em que é que os direitos das pessoas que seguem diferentes orientações sexuais colidem? Em nada! 

A igualdade - primeiro dos conceitos chave - é entre seres humanos sem mais!
Não posso deixar de me rir com as palavras do Governador da Califórnia que define os EUA como os pioneiros na luta pela igualdade! Recuando no tempo os EUA preconizaram a desigualdade com o 'Apartheid'...o que me lembra Sula, um livro de Toni Morrison (cuja leitura aconselho vivamente!)
E como se lê em Sula "The presence of evil was something to be first recognized, then dealt with, survived, outwitted, triumphed over."

4 August 2010

ISRAEL - - LÍBANO

Reacendeu-se o conflito? Parece que hoje em dia vivemos num constante clima de Guerra Fria, tensões latentes que ameaçam constantemente o uso da arma de fogo. 
O que aconteceu ontem deveu-se a uma árvore, literalmente a uma árvore! Ou melhor, foi premido o gatilho por causa da "maldita" árvore.
"The skirmish started after an Israeli army unit tried to cut down a tree near the Blue Line, the UN-administered border between Israel and Lebanon. Both countries said the tree was on their side of the line." (Aljazeera)
A UNIFIL em comunicado afirma que a árvore estava do lado israelita. Se Israel tinha perfeito conhecimento disso aquando do corte e o porquê de terem cortado a árvore (aparentemente tapava as vistas) são questões que permanecerão no ar, pelo menos para mim.
Esperemos que permaneça um incidente, lamentavelmente com 4 mortes.

Paquistão

Todos temos visto o que tem acontecido no Paquistão. As imagens falam por si. Palavras podemos tê-las como totalmente desnecessárias, pelo menos para descrever o acontecimento. Porém, inevitável torna-se questionar as reacções. Grande polémica se gerou em torno da deslocação do Presidente do Paquistão, porém as minhas interrogações vão muito além da viagem do Sr. Presidente. 
É facto que este tipo de catástrofe acontece todos os anos e que não se cinge ao Paquistão. Mas se sabe que acontece por que razão não se previne? Nem me refiro a prevenir a calamidade, como disse Pedro Antunes e bem, contra a Natureza pouco ou nada se pode fazer - ressalvo que há inúmeros atentados contra a Natureza e questiono se algumas das calamidades naturais não serão, em parte, resposta ao acto humano... - mas sim prevenir no sentido de ajudar aquelas pessoas, de impedir que milhares de pessoas morram... 
O exército paquistanês diz que 'a operação de salvamento estão quase completa', mas a Ajuda Humanitária diz diferente.
A aflição das pessoas, o desespero que é captado pelas televisões, pelos fotojornalistas, seja por quem for...impõe que alguma coisa se faça. Agora. E para o futuro. E não apenas no Paquistão, em todo o Mundo.
@ BBC

2 July 2010

Gaza

Tirando uma afirmação que é feita e não pensando nas consequências de se ter uma família tão numerosa, isto é, olhando para esta notícia sem "olhos de ver", é caso para dizer que há felicidade em Gaza :)
430 netos?! O mais novo dos seus filhos tem 2 anos!? Abu Talal tem 82 anos! E não descura a hipótese de ter mais umas 10 ou 15 crianças com as 4 mulheres que tem! Impressionante! E, como tradição é tradição, por cada criança que nasce na família é sacrificada uma cabra..o artigo que transcrevo vale mesmo a pena ler, no meio de um conflito que ocupa a categoria "middle east" em todos os jornais, surge esta que não deixa de ser uma "boa notícia", ou deveria dizer "430 boas notícias"?


«'Legendary' Gaza man and his ever-growing family
Driving along a dusty, potholed track in southern Gaza on the way to meet one of the territory's most prolific lovers, we were lost. We stopped to ask directions.
"Do you know Abu Talal's house?" I shouted out of the car window to a young boy by the side of the road.
"Yes, he's my grandfather," the child beamed.
Quite a coincidence you might think - until you hear that 82-year-old Abu Talal al-Najar says he has more than 430 grandchildren.
He also has some 30 children and has racked up some 11 wives over the years. Currently he only has four.
A legend
The law in Gaza, as well as Shariah religious law outlined in the Koran, says the maximum number of wives a man can have at any one time is four.
But actually it is very uncommon for Gazan men to have more than one wife.
Arriving at his house, a half-finished looking structure near the town of Khan Younis, we found Abu Talal kneeling in the corner of the yard, facing east and praying.
He bent down, placing his forehead on the ground, his arms outstretched in the familiar ritual - still flexible even at 82.
After several minutes he rose to greet us, a sturdy, bull-like figure with a wide grin and a firm handshake.
Abu Talal is something of a legend in southern Gaza. With his many children (another 11 died over the years) he has spawned one of the strip's largest families.
'A hobby'
"I was an only child myself," he tells me. "So I wanted to have a big family - plus it has just become something of a hobby," he laughs.

With the help of some of his grandchildren he is just about able to remember the names of his surviving children, 17 girls and 13 boys.The octogenarian's youngest child is only two years old.
"Every time a child is born in this family we sacrifice a goat in celebration," says Abu Talal.
Bad news if you happen to be a goat in southern Gaza, I suggest.
The population of Gaza is rising by about 5% every year. Some 1.5m people live squeezed onto a strip of land 40km (25 miles) long and 6 to 12km wide.
Many people live in poverty, with unemployment at around 40%, according to the UN.
Does Abu Talal not worry about bringing children into such a world?
"No, because if I lose 200 of my grandchildren, I will still have 200 left."
Palestinian infighting
At least five of his family were killed in last year's major conflict with Israel, in which the UN estimates about 1,400 Palestinians and 13 Israelis were killed.
Abu Talal also lost 10 family members during the fighting between Fatah and Hamas in 2007.
The Islamist movement, Hamas, took control of the Gaza Strip after forcing their secular rivals Fatah from the territory. Hamas had earlier won parliamentary elections in 2006.
Abu Talal was born in Gaza in 1928 during the British Mandate of Palestine.
"The British were bad. The Israelis were worse, but the biggest danger for my children now is the continuing disagreement between Fatah and Hamas - Palestinians fighting amongst themselves," Abu Talal says.
He has had eleven wives during his lifetime.
Some of them have died, and some of the marriages have ended in divorce.
The youngest of his current four wives is about 50 years younger than him.
As to when the father of 30 might call it a day, he chuckles. "I still think I could manage another 10 or 15 kids."»

29 June 2010

PATROCÍNIO OFICIOSO - PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA

Este episódio teve lugar, no dia 28 de Junho de 2010, na sala de audiência do 6º Juízo Criminal de Lisboa. Não se baseia num artigo publicado num jornal, mas bem poderia sê-lo.
Para dentro da sala de audiência foram chamados 6 advogados, os 6 julgamentos que deveriam ter início às 02.00pm não começariam antes das 02.40pm - o oficial de justiça presente informou que o juiz estaria, pelo menos, meia-hora atrasado. 
Apenas 2 dos 6 arguidos, compareceram. 
Deviam ser 02.40pm, o Juiz e o Magistrado do Ministério Público entravam na sala e os demais presentes levantavam-se. Porque não havia nenhum arguido detido, seguindo-se a ordem prioritária, primeiramente, foi feita a leitura de uma sentença - processo que respeitava a crime de condução sem habilitação legal - e, em seguida, realizou-se a audiência de julgamento de um dos arguidos (presentes). O crime por que havia sido julgado: condução sem habilitação legal. Depois de informado sobre os seus direitos e deveres (e de respondidas as questões obrigatórias) é-lhe dada a palavra que se disse extremamente arrependido, inclusivamente já tinha a carta de condução portuguesa. Na altura dos factos, 2006 creio, tinha carta de condução angolana, que, porque não estava válida, não poderia beneficiar do protocolo celebrado entre Portugal e Angola. A sua defensora oficiosa pediu justiça. O Juiz, antes de ler os averbamentos ao registo criminal, insistiu junto desta: "de certeza que não quer fazer nenhuma pergunta ao arguido?", ao que respondeu "não quero". O extenso registo - condenado nas mais diversas penas por inúmeros crimes de condução sem habilitação legal, um de condução sob o efeito de álcool e outro de natureza diferente - não abonava a seu favor. Foi dada a palavra ao MP que ainda que tenha realçado o facto de as penas de prevenção especial não terem durante muito tempo sortido efeito, considerou especialmente o facto de o arguido ter entretanto tirado a carta de condução e já não poder cometer o crime por que vinha acusado - ainda que não o impeça de cometer crimes relacionados com veículos automóveis...Em harmonia com as restantes condenações propôs pena suspensa. É dada palavra à defensora oficiosa que diz: "apenas gostaria de referir que o arguido tirou a carta de condução, só isto." É encerrada a audiência.
Inicia-se de imediato o julgamento do segundo arguido que comparecera. Antes mesmo de se dirigir ao arguido, o Juiz olha para o processo e diz "mas a demandante está insolvente, o mandato da advogada não está válido, o julgamento não vai poder prosseguir". O arguido levantara-se e não quis perder a oportunidade que tinha para se pronunciar - na mesa à minha frente estava sentada a sua defensora oficiosa - começa por dizer que tem noção que aquilo que fez não deveria ter feito, mas que tinha sido porque precisava mesmo. Agora dedica-se a limpar a sua casa, já que a sua mãe doente, esteve acamada durante 6 anos e mais ninguém havia para dela cuidar que não ele. O discurso não era totalmente perceptível, entre as lágrimas e os soluços, dava, contudo para perceber, a aflição em que aquela pessoa se encontrava. A sua defensora oficiosa continha-se para não se desmanchar a rir, eu continha-me para não reagir, estava com vontade de interromper tudo e perguntar: como é possível uma pessoa querer rir-se perante uma situação destas? Que não acredite, ainda se pode conceber, o ser humano mente, é facto, mais ainda quando está prestes a ser julgado, mas rir com ar de gozo enquanto uma pessoa relata parcialmente a miséria que a sua vida é? Não há palavras. O Juiz interrompe-o, diz que não vai haver julgamento hoje, que quem contra si deduziu pedido de indemnização civil terá 20 dias para se pronunciar e que posteriormente seria notificado de nova data. O arguido prossegue, quer falar e fala: "eu roubei [para ter(?)] fraldas para a minha mãe...nós não tínhamos dinheiro, ela morreu nos meus braços, agarrada à minha mãe, Senhor Dr. Juiz" - as lágrimas, minhas, começavam a escorrer, estava a ser muito difícil conter-me - "e, eu sei, Senhor Dr. Juiz, que o que eu fiz não se faz, e quero pagar, mas, uma coisa que não consigo perceber é o pedido que é feito quanto aos seguranças, porque pagar aquilo que tirei sim, mas pagar quando fui agredido por 4 seguranças fora do alcance das câmaras é que já não dá para entender". O Juiz sobre aquela matéria não tinha de se pronunciar, a sua defensora oficiosa não dizia nada, estava a tentar conter o riso, ainda assim aquele diz-lhe que é uma questão que terá de discutir com a sua advogada para alegarem o que acharem conveniente. "Pois, Senhor Dr. Juiz, a Abraço está agora a ajudar-me com os dentes, já me tiraram estes de cima e depois vão pôr-me dentes novos, para com o meu portefólio, conseguir arranjar emprego. Nessa altura já poderei pagar tudo. Mas não me castiguem mais, morreu a minha mãe, nos meus braços, eu sei que não se rouba, não se repetirá nunca mais, eu não volto a fazê-lo, mas não tive mesmo outra hipótese." "Pronto, Senhor, acalme-se. Agora tem de falar com a sua advogada e esperar para ver o que vem dizer ao processo a denunciante". "Obrigado, Senhor Dr. Juiz."
Era a minha vez, sabia-o, mas não conseguia deixar de pensar naquilo a que assistira. Não interessa saber se o arguido falava ou não verdade - eu acreditei que falava - e como é que, sem certezas, se prefere pensar que ele mente? Porque é que se assume que os arguidos são criminosos antes de serem condenados? Porque é que os advogados contrariam tantas vezes os princípios que muitas vezes acusam os tribunais de ignorar e mesmo violar: o da presunção da inocência e o do in dubio pro reo. Porque é que pelo facto de as pessoas, em geral, mentirem faz com que a estória que aquela pessoa relatou não mereça credibilidade? Porque havia a hipótese de ter sido consumidor de drogas pesadas? Poupem-me!
Não digo que as pessoas, especialmente os arguidos, não mintam. Claro que mentem, - são pessoas e as pessoas mentem, sobretudo quando culpadas ou presumíveis culpadas de alguma coisa querem que seja provado que não  são (culpadas) ou querem provar a sua inocência - mas até sabermos que é mentira porque não pensar que é verdade? Porquê partir do preconceito para o conceito e não de um conceito para um pós-conceito? - se é que se pode colocar a questão nestes termos (literalmente)...
Há advogados que, no exercício do patrocínio oficioso, não se esforçam tanto...às vezes porque os arguidos também não querem saber, não se importam minimamente, não manifestam qualquer interesse. Porém, tal não é motivo para, em tribunal, não fazerem o melhor que podem e conseguem, para não se esforçarem ao máximo por defender o interesse daquele que está em julgamento. 

23 June 2010

PENA DE MORTE -- TROY ANTHONY DAVIS - AFP

Apenas hoje tomei conhecimento do caso de Troy Davis. E longe estou de conhecer os inúmeros Troy Davis que andam por aí...
A minha posição relativamente à pena de morte ganha ferocidade perante casos destes. Uma pessoa está no corredor da morte 20 anos, é inocente, e negam-lhe tudo! 
A prova testemunhal - posteriormente retractada!!! - bastou para condenar um homem com a pena máxima: a morte. Não se descobriu arma do crime, não há qualquer prova, além daquela, que ligue Troy Davis ao crime: nada! 
Anos depois, testemunhas que prestaram depoimento no processo vêm dizer que foram forçadas a depor naquele sentido. O depoimento das que tentaram no processo dizer a verdade não foi permitido. A família de Troy Davis foi impedida de assistir a todas as audiências, excepto a 1. 
Onde está a Justiça?
Aparentemente, como se pode ler em «20 years on, US death row inmate seeks to show innocence», o Supremo Tribunal dá-lhe uma oportunidade sem precedente.
Será que será feita Justiça?


«20 years on, US death row inmate seeks to show innocence
SAVANNAH, Georgia — After almost two decades on death row in the southern US state of Georgia, convicted murderer Troy Davis has a rare second chance Wednesday to show he is innocent.
The US Supreme Court ordered a new hearing for Davis, who has been on death row since 1991 for murdering a policeman, because seven of the nine witnesses against him have recanted their testimony in the years since his trial.
After a series of failed appeals, the Supreme Court issued a landmark ruling last August, allowing Davis, who is now 41, to present what he claims is exculpatory evidence that was not reasonably available during his trial.
The highest US court's decision was unusual, in part because it was issued during an official recess, but also because the bar to ordering new consideration of evidence is extremely high.
"This hearing is both historic and unprecedented," Larry Cox, executive director of Amnesty International USA, said in a statement on Tuesday.
"Never before has the US Supreme Court ordered a hearing to determine if it is unconstitutional to execute someone who is innocent," he said, adding that "while this hearing is of the utmost importance to Davis and the entire Savannah community, it also carries great legal significance."
Davis, who is black, was sentenced to death for the 1989 Savannah murder of Mark Allen MacPhail, a white policeman. He has always maintained his innocence.
His conviction rested on the testimony of nine witnesses, with no physical evidence such as DNA or fingerprints offered to support his guilt.
But in the years since his trial, seven of the witnesses against him have recanted their testimony, saying they were pressured by police to inculpate Davis.
Cox said the case against Davis had "unravelled," but even the shifting stories presented by witnesses may not prove sufficiently new and different evidence to convince Judge William Moore that Davis should avoid execution.
The law is also unresolved on whether a showing of innocence would even save Davis from the death penalty if his original prosecution did not violate constitutional fair trial standards.
"Because this case presents novel questions of law and requires factual findings, the court will accept both factual evidence and legal briefing," Moore instructed the lawyers.
In its ruling, the Supreme Court ordered the hearing to "receive testimony and make findings of fact as to whether evidence that could have been obtained at the time of the trial clearly establishes petitioner's innocence."
"The substantial risk of putting an innocent man to death clearly provides an adequate justification for holding an evidentiary hearing," the Supreme Court wrote.
Virginia Davis, Troy Davis's mother, told AFP on Tuesday she was "very optimistic."
"We've been waiting a for a long time, it's been years and year and it's never been heard. We want everyone to say they recanted and they were coerced," the 65-year-old said. "Justice will prevail."
Martina Correia, Davis's elder sister, said she was "really excited" for the hearing, though she added it was "disappointing" that her brother would be forced to wear prison garb rather than a suit to court.
"They want him to be in his prison uniform, to make him look, you know, guilty," she said.
With its racial overtones and Davis's continued claims of innocence, the case has triggered an international outcry, including from the European Union, whose member states oppose the death penalty, as well as from Nobel Peace Prize winner Desmond Tutu of South Africa, and Pope Benedict XVI.
Anti-execution campaigners from as far away as France and Britain joined US activists at a vigil late Tuesday near the courthouse where the hearing was to take place.

18 June 2010

PENA DE MORTE -- «Murderer executed in Utah» - AFP

Estou a acabar de ler L'Abolition de Robert Badinter. À superfície está toda a minha repugnância pela pena de morte.
Com grande espanto - ainda que devesse saber melhor - leio a execução de Ronnie Lee Gardner.
Há uma necessária contradição entre "somos defensores dos direitos humanos" e "aplicamos a pena de morte", mais do que contradição é paradoxo! São absolutamente incompatíveis, inconjugáveis tais afirmações.
Quando penso a pena de morte tantos argumentos saltam que se torna difícil começar a proferi-los. Porém, há um que devia vencer mesmo os seus adeptos: a morte de inocentes. Outro que deveria vencer os 'governantes', é o Estado que executa! Se o Estado mata, a lei mata, e se a lei permite o homicídio como executa quem o comete? Poderá haver homicídio legítimo (excluindo naturalmente a legítima defesa)? De forma alguma poderemos qualificar a execução do condenado como exercício da legítima defesa por parte do Estado (mesmo que preventiva)! A morte com a morte? - mesmo em caso de certeza absolutamente absoluta de que aquela pessoa matou aquela outra pessoa (dando o exemplo do homicídio).
Tem de repugnar a pena de morte. Contudo, a muitos não repugna. Passando os olhos por algumas imagens que completam as reportagens à volta da execução de Lee Gardner, não foi a da cadeira onde foi amarrado com um alvo branco no peito que mais me impressionou, foi a de familiares das suas vítimas a sorrirem, a exultarem, quando rejeitado um seu recurso.
Será um sentimento de vingança daqueles que pereceram nas suas mãos? O que importa?
Não há justiça, contrariamente ao que afirma o Utah Attorney General Mark Shurtleff - que anunciu no Twitter "I just gave the go ahead to the Corrections Director to proceed with Gardner's execution. (...)"!
No meio dos próximos das vítimas de Lee Gardner, Donna Nu, disse à CNN:
"Michael was a gentle soul. And he loved people and he loved life. And he would not have wanted Ronnie Lee to be killed, especially in his name." E acrescenta: "I think that we as a human race - - all the brilliant minds we have on this planet - - we could com up maybe with something better."
Como se pode banalizar a vida humana? - interrogação dirigida a todos, incluindo o Estado, que matam e que acham bem que se mate.
O artigo da AFP
«SALT LAKE CITY, Utah (AFP) - A double-murderer became the first American prisoner in 14 years to be executed by firing squad here Friday, shot through the heart by a five-member team of sharpshooters.
Shackled to a chair and with a black hood covering his head, Ronnie Lee Gardner, 49, was gunned down at approximately 12.15 am (0620 GMT) local time in a brightly lit execution chamber at Utah State Prison.
Asked if he had any last words, Gardner replied: "I do not. No."
Utah Department of Corrections director Thomas Patterson told reporters Gardner was pronounced dead two minutes after being shot.
"This is an unusual task but one we have done professionally," Patterson said. "It has been done with absolute dignity and reverence for human life.
"It's been a balancing act of being sensitive to the families who lost loved ones and the family who lost a loved one tonight."
Journalists who witnessed the execution reported seeing Gardner's arm twitch up and down after the firing squad had blasted their 30/30 caliber Winchester rifles at at a small target placed over Gardner's heart.
"It was so sudden, so quick. Boom, boom, just like that. We didn't get a countdown. It happened so quickly," added Marcos Ortiz of KTVX TV.
Gardner's gruesome death was billed as a bloody throwback to the days of Old West justice, the first execution of its kind in the United States for more than a decade and possibly the last ever.
But there was an unmistakably 21st century twist to his final minutes of life when Utah Attorney General Mark Shurtleff used micro-blogging site Twitter to announce he had given the final approval for the execution.
"I just gave the go-ahead to Corrections Department to proceed with Gardner's execution," Shurtleff tweeted shortly before Gardner was shot. "May God grant him the mercy he denied his victims."
Firing squads were outlawed by Utah in 2004 but the ban was not retroactive, allowing Gardner the freedom to opt for the gruesome method instead of lethal injection during a hearing in April.
Gardner had spent 25 years on death row for gunning down an attorney in a failed bid to escape from a court room in 1985 during a murder trial. His case had renewed debate about use of the death penalty in the United States and divided family and friends of his victims.
Loved ones of lawyer Michael Burdell, shot dead by Gardner in his botched escape attempt, have said they were against his execution because Burdell opposed the death penalty.
"Michael was a gentle soul. And he loved people and he loved life. And he would not have wanted Ronnie Lee to be killed, especially in his name," Donna Nu, Burdell's fiance told CNN earlier Thursday.
"I think that we as a human race -- all the brilliant minds we have on this planet -- we could come up maybe with something better."
Gardner's death came after a day which saw his lawyers fail with multiple appeals to have the execution stayed, lobbying Utah Governor Gary Herbert, a federal court in Denver and the US Supreme Court. All three bids were rejected.
"Upon careful review, there is nothing in the materials provided this morning that has not already been considered and decided by the Board of Pardons and Parole or numerous courts," Herbert wrote.
"Mr Gardner has had a full and fair opportunity to have his case considered by numerous tribunals."
The Utah Department of Corrections said Gardner was "relaxed" Thursday, spending the day reading a David Baldacci novel -- "Divine Justice" -- while watching "The Lord of the Rings" fantasy trilogy.
He was served his final meal -- steak, lobster, apple pie, vanilla ice cream and 7-Up -- on Tuesday before choosing to commence a 48-hour fast before his execution for undisclosed reasons.
He met his attorney during the morning, after saying goodbye to his brother and daughter on Wednesday through prison bars.
Gardner requested none of his family members be present at his execution, which was witnessed by a small group of state officials, relatives of Gardner's victims and journalists from local media outlets.»

8 June 2010

IRAN - - UN nuclear sanctions vote

Tanto as (eventuais) sanções como a reacção de Ahmadinejad estão na ordem do dia.
Ahmadinejad alerta Putin para não se colocar do lado dos inimigos do Irão (alegada e nomeadamente dos Estados Unidos da América)
«Mr. Ahmadinejad, speaking on Tuesday in Istanbul where he is attendig a regional summit, said that if the US did not change its position "the first ones to lose would be President Obama and the people of the United States". 
Mr. Ahmadinejad also urged Russia to be "careful not to be beside the enemies of the Iranian people".»
e alerta o Mundo: não são as sanções que nos levarão a debater a questão do armamento nuclear. 
«" I have said that if the American government and its allies think that they can raise a baton called a resolution and then sit and talk to us, they are strongly mistaken."»
Não me parece que o meio mais apropriado para atingir o fim do desarmamento nuclear seja o da "sanção", porém alguma coisa tem de ser feita, e as negociações têm de (pros)seguir! No entanto, ainda que na prática o possa ser, não podemos depender da boa vontade do Irão, nem nos podemos subjugar às suas condições sem mais! Ameaças?
Obama foi prémio nobel da paz sobretudo pela sua política de desarmamento nuclear, há que a pôr em prática real. 
Leio na Reuters: "The United States and other powers have rejected the deal and submitted extended sanctions to the Security Council last month for approval. Tehran insists its nuclear programme is for peaceful purposes". 
Como é possível a conjugação de tais termos numa mesma frase? Ingenuamente ou não, não consigo perceber que "peaceful purposes" podem ser alcançados através de armamento nuclear! 
A política de desarmamento tem de ser efectiva em todos os países, inclusivamente no Estados Unidos. Nenhum pais, mas sobretudo um país como o Irão, admitirá abdicar do seu poder - designadamente do poder de aterrorizar - se o 'outro' não fizer o mesmo! 
É chocante o poder que o Irão tem, não só sobre si próprio como também sobre os demais países...
A afirmação Rússia/Estados Unidos (que, para o Irão, seria o mesmo que dizer amigo/inimigo) fez-me lembrar o tempo em que o mundo era bipolar. Não queremos isso. Queremos que diplomaticamente a situação tenha um bom desfecho quer imediato quer a longo prazo. 

2 June 2010

Blockade


A União Europeia tem de intervir! A ONU tem de intervir! Não podem ficar de braços cruzados à espera! E ainda por cima de sobreaviso, já que Israel preveniu: "Nous serons (...) prêts pour le Rachel-Corrie”!! Vão as forças internacionais deixar que “Rachel Corrie” seja interceptado(a)?

Excertos de um artigo da Reuters e o artigo publicado hoje no Le Monde.
«(...)
Israel said it would deport 682 activists from more than 35 countries detained after the assault in international waters on Monday on six aid ships bound for Gaza, where Hamas Islamists opposed to Western-backed Palestinian President Mahmoud Abbas hold sway.
By midday on Wednesday, about 200 activists had been transferred from a holding centre to Ben-Gurion airport near Tel Aviv, a Prisons Service spokesman said, and 123 passed through a border crossing into neighbouring Jordan.
The remaining activists would be released throughout the day, the spokesman said. All have been held incommunicado by Israeli authorities.
Praising naval commandos for an operation that Israeli military affairs commentators have described as bungled, Barak said at the marines' base near the port of Haifa that they had carried out their mission under difficult circumstances.
(...)
INVESTIGATION APPEAL
In an appeal echoed by Washington, the U.N. Security Council called for an impartial investigation of the deaths.
(...)
Another attempt to bust the blockade loomed on the horizon: The MV Rachel Corrie, a converted merchant ship bought by pro-Palestinian activists and named after an American woman killed in the Gaza Strip in 2003, set off on Monday from Malta.
It is carrying 15 activists, including a Northern Irish Nobel Peace laureate, and expects to be at the point of Monday's interception between Friday evening and Saturday morning, crew member Derek Graham told Irish state broadcaster RTE.
Asked how Israel planned to deal with any new attempt to steam into Gaza, Tzachi Hanegbi, head of parliament's Foreign Affairs and Defence Committee, said: "We cannot let them blur the red line Israel has set. Letting them in to help Hamas is not an option."
(...)» @ Reuters, by Jeffrey Heller
«Le "Rachel-Corrie" vient défier le blocus naval de Gaza
L’opération sanglante de l'armée israélienne contre la flottille se rendant à Gaza ne les a pas dissuadés : les militants pro-palestiniens à bord du Rachel-Corrie qui se sont jurés de briser le blocus de la bande de Gaza, malgré les avertissements de la marine israélienne et l'assaut de lundi, approchent du territoire palestinien. Le navire devrait arriver devant Gaza mercredi 2 juin vers 15 heures. Le Rachel-Corrie, navire de commerce qui porte le nom d'une Américaine tuée dans la bande de Gaza en 2003, a appareillé lundi de Malte avec quinze militants à son bord, dont l'Irlandaise Maired Corrigan-Maguire, lauréate du prix Nobel de la paix en 1976.
Le premier ministre irlandais, Brian Cowen, a indiqué que le navire était propriété irlandaise et estimé qu'il devait être autorisé à terminer sa mission. "Le gouvernement a formellement demandé au gouvernement israélien de permettre au navire, de propriété irlandaise, d'être autorisé à terminer son trajet sans obstacle et à décharger sa cargaison à Gaza", a dit le chef du gouvernement devant les parlementaires. "Notre initiative vise à briser le blocus israélien imposé aux 1,5 million de Gazaouis. Notre mission n'a pas changé et ce ne sera pas la dernière flottille", a déclaré Greta Berlin, membre du mouvement Gaza libre, situé à Chypre.
LA MARINE ISRAÉLIENNE PRÊTE À INTERCEPTER LE NAVIRE
A New York, les Nations unies ont invité mardi toutes les parties concernées à la prudence au large de Gaza. "Nous suivons de près les événements. Et au vu de ce qui s'est passé[hier], nous réitérons notre appel à toutes les parties concernées pour qu'elles agissent avec prudence et responsabilité, en vue d'une solution satisfaisante", a déclaré Marie Okabe, porte-parole de l'ONU. "Toutes les parties doivent agir en conformité avec le droit international et éviter les provocations, à ce stade délicat de la situation", a-t-elle continué.
La marine israélienne est prête à intercepter le navire, a assuré un officier, signalant que l'assaut de lundi, dans lequel neuf militants pro-palestiniens ont été tués, n'aurait pas d'incidence immédiate sur les décisions militaires. "Nous serons (...) prêts pour le Rachel-Corrie", a-t-il prévenu. La radio a confirmé que le bateau était attendu mercredi dans les eaux de la bande de Gaza. Greta Berlin a toutefois indiqué qu'il pourrait ne pas arriver à destination avant le début de la semaine prochaine.
Le bateau appartient à la flottille arraisonnée lundi, mais sa faible vitesse l'a laissé loin derrière les autres, explique Mark Daly, un parlementaire irlandais qui devait être du voyage mais n'a pas obtenu l'autorisation de quitter Chypre. "Après une discussion entre eux sur la marche à suivre, ils ont décidé de continuer, et le dernier contact (...) remonte à hier soir 18 heures", a dit l'élu. LeRachel-Corrie transporte 1 200 tonnes de matériel médical, de chaises roulantes, de fournitures scolaires et de ciment, matériau dont les autorités israéliennes interdisent la livraison dans la bande de Gaza, selon les organisateurs. Outre Maired Corrigan-Maguire, l'ancien diplomate irlandais Denis Hallyday, qui a officié aux Nations unies, fait partie de l'équipage.»