19 January 2010

Haiti

Não há dúvida alguma que o tema está em voga e que é fundamental socorrer as cerca de 3 milhões de pessoas que ficaram completamente nuas. 
Ouvi questionar - o que me fez pensar - o papel das ONGs...como tudo funciona. AV salientou o problema da 'geografia', do conhecimento do espaço...nunca tinha pensado nisto...Numa catástrofe desta monta é essencial conhecer todos os cantos e quem os não conhece acaba, inevitavelmente, por andar um pouco 'à deriva'. Outro ponto levantado foi o "destino" do dinheiro. Recai, como salientou também Madalena Vasconcelos, uma 'má fama' sobre as ONGs por serem conhecidos alguns 'maus fins/destinos' dados aos fundos que são atribuídos. A expressão "paga o justo pelo pecador" pode ser muito válida, mas as pessoas do Haiti não podem sofrer mais ainda. Já chega de sofrimento e de perda. É mesmo preciso ajudar. Mas é também preciso que as ONGs e demais pessoas (singulares e colectivas) envolvidas em todo este processo estejam conscientes - e não digo que não estão - de que é preciso investir o que têm para investir até ao último 'cêntimo' e que se é para aquele fim que é atribuído então é para aquele fim que tem de ser utilizado e não para qualquer outro. 
Impressiona-me indescritivelmente ver (e ler) a miséria, o estado de degradação, a absoluta falta de tudo. E não consigo deixar de questionar, também, o porquê de estas desgraças acontecerem, as mais das vezes, sobre quem menos as pode suportar - ainda que seja menos relevante, uma vez que a Natureza é "a" Natureza...como disse MRMV nem a Catedral (Séc. XVIII) sobreviveu, pelo que não pode ter-se apenas devido à qualidade das construções (actuais).
A tinta que corre sobre o tema é imensurável, só espero (e desejo) que as palavras sejam, de facto, a tradução de actos concretos e que agora nos concentremos em dar aos sobreviventes condições verdadeiramente dignas. 

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